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quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Ética a Nicômaco. Liv III, cap 10 – 12: Temperança


Cap. X Temperança

“A virtude se relaciona com paixões e ações” (1109b30)*.

Temperança: o meio-termo entre prazeres e dores do corpo e, assim como a coragem, “virtudes das partes irracionais” (1117b24). O excesso, intemperança; a falta, insensibilidade. A temperança se relaciona com prazeres do tato e do paladar, e assim se assemelha mais com os prazeres compartilhado pelos animais.

Já os intemperantes, no comer, no beber, na união do sexo, “só interessa o gozo do objeto em si” (1118a31), e isso é motivo de censura, pois a intemperança “nos domina não como homens, mas como animais” (1118b3).

Cap. XI Intemperança

Dos Apetites: “diferentes coisas agradam a diferentes indivíduos” (1118b14), sendo que o apetite do alimento natural se limita a preencher o que nos falta. Os excessos, sem moderação, a intemperança.

Dos Prazeres: segundo Aristóteles, o excesso em relação aos prazeres do corpo é culpável, e as pessoas costumam exceder de três modos: “se comprazem em coisas com as quais não deveriam comprazer-se (porquanto são odiosas),” e quando é lícito, “o fazem mais do que se deve e do que o faz a maioria dos homens” (1118b25).

Aqueles que ficam aquém da medida em relação aos prazeres são insensíveis (muito raro).

“O homem intemperante é assim chamado porque sofre mais do que deve quando não obtém as coisas que lhe apetecem (sendo, pois, a sua própria dor um efeito do prazer), e o homem temperante leva esse nome porque não sofre com a ausência do que é agradável nem com o fato de abster-se” (1118b31).

Cap. XII Intemperança voluntária

A intemperança é uma disposição voluntária e atuada pelo prazer. É praticada “sob o impulso do apetite e do desejo” (1118b32). E por isso mesmo mais passível de censura.

Educação: e por tudo isso a intemperança deve ser refreada o mais cedo possível. As crianças, que vivem à mercê dos apetites e das coisas agradáveis, “se não forem obedientes e submissas ao principio racional, irão a grandes extremos, pois num ser irracional o desejo do prazer é insaciável” (...) “Acresce que o exercício do prazer aumenta-lhe a força inata, e quando os apetites são fortes e violentos, chegam ao ponto de excluir a faculdade de raciocinar" (1119a5).

Conclusão: O fim desejado, na forma e no tempo devido: "No homem temperante o elemento apetitivo deve harmonizar-se com o principio racional, pois o que ambos têm em mira é o nobre, e o homem temperante apetece as coisas que deve, da maneira e na ocasião devidas; e é isso que prescreve o princípio racional" (1119b15). Para Nietzsche, é quando Apollo devora Dionísio.



*ARISTÓTELES (348-322 a.C). Metafísica : livro 1 e livro 2 ; Ética a Nicômaco ; Poética ; seleção de textos de José Américo Motta Pesanha ; trad. Vincenzo Cocco; -- São Paulo : Abril Cultural, 1979. (Os pensadores).


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Texto Completo: ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco.
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